Começou aqui. E continua aqui: #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 #13 #14 #15 #16

9.12.10

# 13

«Não vá para longe, por favor», disse o inspetor a Dieter, quando foi chamado pela colega, que se debruçava sobre o corpo de James. «Posso atender? É uma amiga com quem estava a falar quando isto sucedeu, desliguei o telefone abruptamente, deve estar preocupada...». «Esteja à vontade, já venho falar consigo, provavelmente terá de ir connosco à sede prestar um depoimento oficial, tem algum problema com isso?». «Não, não, de todo, sou guarda prisional, conheço a rotina e quero ajudar», disse Dieter, que recuperara entretanto a compostura e a habitual fleuma teutónica. «Hannah, olá, desculpa ter desligado daquela maneira, surgiu aqui um contratempo». «Mas está tudo bem?». «Sim, isto é, mais ou menos, mataram o meu vizinho e eu vi tudo, aconteceu quando estávamos a falar, por acaso estava a olhar para a rua e vi tudo, vê lá tu». Do outro lado da linha fez-se silêncio e Dieter aproveitou para perguntar ao inspector, que ali a uns metros, junto ao cadáver desconjuntado, conversava com a colega e um perito forense: «Inspetor, inspetor, desculpe, posso só ir a casa comer qualquer coisa? Estou esfomeado...». Weber fez um aceno positivo com a cabeça. «Olha, Hannah, se calhar não é a melhor altura para falarmos, querem que vá com eles à esquadra prestar declarações, mas não te preocupes, está tudo bem». Desligou e enquanto se dirigia para casa, pensou na curiosa coincidência do Spiegel com a sua carta se encontrar em plena cena do crime. Não conseguia deixar de pensar que isso teria algum significado oculto, ainda que não fosse criatura dada a coisas dissimuladas ou imprevistas.